Dois ou três dias depois, a mesma sala vazia, com a mesa já posta para o jantar de Antero, por mais que ainda não seja nem cinco da tarde. Passado algum tempo, entra Moacir, com muita cautela, carregando consigo uma mala grande e uma maleta pequena. O menino de quase vinte anos atrás agora é uma mulher e se as intervenções feitas em seu corpo (especialmente nos seios, nos lábios e nas maçãs do rosto) não fossem de qualidade tão absurdamente fajuta, talvez tivesse se tornado uma mulher bonita. Moacir olha em volta e constata que a casa não mudou praticamente nada nas quase duas décadas em que esteve fora. Ele examina o teto, o piso, os móveis, os objetos e, em dado momento, por descuido, acaba por fazer algum ruído, que Alzira ouve lá do quarto.
Essa é uma das rubricas de Avental Todo Sujo de Ovo. Mesmo não seguindo a risca, elas nos foram preciosas no trabalho de criação.
O texto é do cearense Marcos Barbosa, Dramaturgo e Professor de Dramaturgia e Teoria do Teatro na Escola de Teatro da UFBA. Marcos mantém um site na internet, lá está disponível para Download seus textos e podemos conhecer a trajetória dele como dramaturgo.
http://www.marcosbarbosa.com.br/mb/index.html
...Eu pensava que algum cigano tinha te roubado, diz que cigano quando rouba criança alheia bota doido, ou entao que tu tivesse caido batido a cabeça em alguma pedra, perdido o juizo...
ResponderExcluirAntero o Pai!
Tive o privilégio de dirigir essa peça em Salvador, quando ela ainda não havia recebido nenhuma encenação. Peça maravilhosa que reflete a genialidade de Marcos Barbosa, sempre muito generoso como dramaturgo e professor. Gostaria muitíssimo de ver a montagem do Ninho de Teatro, me surpreender com tudo o que eu não vi nessa obra, ter a experiência de presenciar a sensibilidade de vocês com a de Antero, Moacir, Alzira e Noélia (esses personagens quase pessoas). Abraço e sucesso!
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